É dar e receber a triplicar…
Como falar da Hospitalidade sem falar do Escutismo? A verdade é que a minha vida deu uma volta de 180º graus desde que entrei para os Escuteiros e não foi preciso andar logo de lenço ao peito para entrar no espírito. Nos escuteiros aprendi o que era amar o outro, aprendi o que era prescindir dos nossos próprios interesses, o que era trabalhar para chegar a um objectivo em conjunto, aprendi que a servir o outro somos felizes, que é assim que nos encontramos a nós próprios e ao sentido da nossa vida. Isto não são apenas palavras bonitas de se ouvir, são a realidade de alguém que além de ter entrado na catequese, no XPTO e em outras milhentas actividades ligadas e relacionadas com a vida cristã é hoje feliz por saber que com (aparentemente) tão pouco conseguimos entrar nas pessoas, com o nosso sorriso, o nosso toque tornando o dia delas melhor =)
A Rute perguntou-me se queria ir a Braga, eu perguntei quando era e para fazer o quê, ela disse que era o compromisso das Irmãs da congregação e que íamos estar um pouco com as doentes, como já tinha feito na Idanha, e assim em 3 segundos meti-me numa aventura de 2 dias, sem saber bem de metade do que me esperava…
O dia começou bem, a Katia chegou 10 minutos mais cedo que o previsto a minha casa (isto às 6h da manhã e já tinha feito a cama de lavado hein? Linda menina a minha caminheira =) eheh) esperámos pela Rute que chegou no minuto certo, e ainda se deu ao trabalho de olhar para o relógio da Igreja para argumentar que vinha a horas (ai se não fosse o teu Luizinho e obrigar-te a chegares a horas =P ) Fomos para Torres para apanhar a camioneta com outras duas doida viciadas hospitaleiras (Joana e Marta) e lá nos dirigimos para Lisboa, onde posterior e supostamente iríamos de autocarro para Braga, MAS a irmã Sara
como já sabia que sem nós não teria tanta piada ir naquela sauna de 7 lugares obrigou-nos a esperar 2h para irmos com ela, eheheh (“ ai o raio da freira que de alentejana não tem nada” =D )
Eu ia morrendo com aquele sol e as caminheiras a meu lado sem pena nenhuma (já andam a por em prática a minha futura vida de poia =P ), ao fim de umas horas parámos e a lá se lembraram de trocar de lugares e foi ai que descobriram os protectores para as janelas e ainda tiveram a lata de dizer ( “sol?? Aqui não se nota nada! =P ai Joana e Liliana, ai )
Chegámos a Braga, onde fomos muitíssimo bem recebidas pelas irmãs, voluntárias e outras funcionárias =)
Depois do almoço chegou a hora de ir para o S. João, algumas utentes ajudaram a preparar o espaço e marcharam num tarde bastante quente, e nós andamos nas barraquinhas e vender sardinhas com broa de milho e bebidas (a melhor barraquinha hein?! =D ) foi uma tarde animada que passou rápido. De seguida tivemos uma “reunião” onde falamos do “Elogio da Loucura” e onde dissemos que a nossa maior loucura era ser Escuteiras =), seguiram-se perguntas às quase irmãs Nereia (sorriso mais feliz e transparente do mundo) e Filipina (tem cada história engraçada para contar e ainda me disse que estava no bom caminho quando lhes dissemos que era preciso muita coragem para viver uma vida de entrega total aos outros). Seguiu-se o jantar, uma oração por elas e o ensaio dos cânticos para a missa da manhã seguinte, onde elas prestaram os votos perante o olhar emocionado da família e da comunidade hospitaleira. Antes da missa vestimos as notas batinhas branquinhas e cor de rosinha e fomos às unidade visitar as doentes, ajudamos no pequeno- almoço e na higiene das utentes, não podendo deixar de referir que uma das irmãs responsáveis pela minha unidade (Sagrado Coração) nos disse que sem elas (utentes) ela não se aguentaria, já estaria velha e cansada, que elas eram a força dela, que por elas valia a pena estar ali e que se inter-ajudavam. Seguiram-se as fotos, o almoço, o bolo e mais fotos, as cantorias de despedida e as lágrimas da Rute =)
Chegou a hora de partir, convites para uma próxima não faltaram e vontade nossa de ir também não =D Demos uma passada rápida belo Bom Jesus e pelo Sameiro (pois a irmã Fernanda é que nos vai lá levar na próxima vez, para vermos melhor xD )
Deste fim-de-semana, além do sotaque nortenho e da alcunha de alfacinha, trago comigo a vontade de voltar durante mais tempo, quem sabe agora um campo de férias em Condeixa =D
A irmã Fernanda disse-nos que nunca se dá sem receber e é disso mesmo que vem a nossa “loucura” pela Hospitalidade, sorrimos, damos a mão, perguntamos o nome, ajudamos a caminhar e recebemos abraços, sorrisos, elogios e um olhar grato que nos dá vontade de as mimar para todo o sempre =)
